Turma do curso de Cinema e Vídeo na oficina de roteiro
• O que está em jogo?
• Já pensou se o Superman só falasse que sabe voar ao invés de sair voando mesmo??
• Em “Náufrago”, ele sai da ilha (na jangada amarrada com fitas de vídeo!!!)
• E são muito legais!
Jean-Claude Carrière,
Vários alunos já estão sentados na sala de aula. Alguns poucos estão chegando, enquanto ROBERTO e GUSTAVO estão à frente, abrindo a conversa. O roteiro é projetado com um data show na parede.
Onde e quando se passa a cena?
>>> Vários alunos já estão sentados na sala de aula. Alguns poucos estão chegando, enquanto ROBERTO e GUSTAVO estão à frente, abrindo a conversa. O roteiro é projetado com um data show na parede.
• Personagens grifados em maiúscula.
Diálogos:• Escrito em linguagem coloquial, de acordo com a maneira de falar de cada personagem.• Formato facilita leitura do elenco.
Roteiro para curta-metragem:
-conteúdo e forma
O filme é sobre...
Premissa: a primeira fagulha de uma história.
Exemplos de premissas:
• Um casal que acorda um no corpo do outro?
• Um tenista aposentado que acredita que a vida depende da sorte?
• Um psicopata que ataca as pessoas pensando que é a própria mãe?
Uma premissa é tudo o que você diga “Puxa, isso daria um filme”!
Mas uma premissa ainda não é um filme. Nem mesmo um roteiro.
Um filme nasce com o storyline. Um storyline é...
A história do filme contada em um parágrafo curto.
• Segundo o filme “O Jogador”, em 20 palavras ou menos!
• Resume a história do início até o final, introduzindo personagens principais.
• É aquilo que contamos para um amigo que pergunta do que é o filme na saída do cinema.
Uma boa história para audiovisual...
• Se presta a ser contada com sons e imagens.
• Tem conflitos e personagens com os quais nos identificamos e cujo final ou
desenvolvimento não adivinhamos.
Mas o que são conflitos?
Conflitos em dramaturgia são questões que são resolvidas durante a história, através do
confronto entre protagonista (s) e antagonista (s).
>>> Traduzindo...
Conflitos são...
• Aquilo que os personagens querem conquistar e precisam lutar para isso.
• Luta entre o homem e a natureza (como em “Mar em Fúria”, “Terremoto”, etc.)
• Luta de homens contra homens (de “West Side Story” até “Duro de Matar”)
• Luta de homens consigo mesmos (filmes de superação pessoal, dramas intimistas, etc.)
E os personagens?
• Dão vida aos conflitos, assumindo suas posições e objetivos.
• Nos identificamos com eles e suas buscas,nos envolvendo com a trama.
• Os personagens evoluem ao longo da história, são modificados por ela.
Um exemplo de conflito...Que poderia gerar uma história:
Você está num táxi indo para a rodoviária, quando...
>>> Um exercício de criatividade:
podemos criar conflitos com qualquer coisa!
Você pega um táxi para a rodoviária...E diz para o motorista: “Vamos logo.Meu ônibus sai daqui a pouco!” Só que o táxi pára em um engarrafamento, a um quilômetro da rodoviária.
E agora? Sai correndo ou espera?
Você pega um táxi para a rodoviária...E diz para o motorista: “Vamos logo.Meu ônibus sai daqui a pouco!” O taxista parte em alta velocidade, desviando perigosamente. E sofre um
ataque cardíaco.
E agora? Como salvar a SUA vida?
Você pega um táxi para a rodoviária...E diz para o motorista: “Vamos logo. Meu ônibus sai daqui a pouco!” O taxista pergunta: “Tem certeza? Viu que entrou o horário de verão?”
E agora? Ajusta o relógio e fica emburrado ou apenas fica emburrado?
Você pega um táxi para a rodoviária...E diz para o motorista: “Vamos logo.Meu ônibus sai daqui a pouco!” Só que a taxista é a sua velha (o) namorada (o) do segundo grau,
aquela paixão mal resolvida.
E agora? Pigarreia que na verdade vai ao aeroporto?
Você pega um táxi para a rodoviária... E diz para o motorista: “Vamos logo. Meu ônibus sai daqui a pouco!” Só que um caminhão bate no táxi, a poucas quadras de sua casa.
E agora? Quando chega a ambulância?
Você pega um táxi para a rodoviária... E diz para o motorista: “Vamos logo. Meu ônibus sai daqui a pouco!” E o taxista diz “Graças a Deus! Faz dias que não converso com ninguém!”
E agora? Como carregar mais essa mala??
Você pega um táxi para a rodoviária...E diz para o motorista: “Vamos logo. Meu ônibus sai daqui a pouco!” Perto da rodoviária, você se lembra que não desligou o fogão.
E agora? Sai de férias e incendeia a casa ou volta?
Você pega um táxi para a rodoviária...E diz para o motorista: “Vamos logo. Meu ônibus sai daqui a pouco!” O táxi chega a tempo, mas o taxista não tem troco.
E agora?
Você pega um táxi para a rodoviária... E diz para o motorista: “Vamos logo. Meu ônibus sai daqui a pouco!” O táxi chega a tempo, você entra no ônibus e tudo acaba bem.
Para uma narrativa, qual é a graça? Cadê o conflito?
Ou seja, para interessar é preciso ir além do “normal”. Senão, pra que ficar olhando?
E como isso tudo se torna um roteiro?
Da premissa ao roteiro...
• Premissa: isso daria um filme!
• Storyline: a história em um parágrafo.
• Argumento: contando em detalhes a história, mas de forma coloquial.
• Roteiro: história escrita pensando para a câmera e os microfones!
• Reescrever, reescrever, reescrever...
Mas como organizar a história?
O velho truque dos três atos!
• Primeiro ato: apresenta os personagens, o que eles estão buscando e o que está em jogo.
• Segundo ato: desenvolve os conflitos, sem entregar o “ouro para o bandido”.• Terceiro ato: resolve os conflitos, atribui os vencedores, etc.
Primeiro ato
• Do que trata a história?
• Onde e quando ela se passa?
• Em quem eu presto atenção?
• Isso interessa ou já deu pra adivinhar onde vai chegar?
Segundo ato
• Os personagens se desenvolvem a partir de suas ações.
• Os conflitos crescem e se esclarecem.
• Mas há as viradas.
• E as plantadas.
Terceiro ato
• As coisas “precisam” se resolver, por exemplo:
• Em “Soldado Ryan”, os alemães não podem passar de uma ponte.
• Em “De Volta Para o Futuro” o raio tem hora para cair!
Turma do curso de Cinema e Vídeo na oficina de roteiro
Mas precisa ser assim?
• Não, esta apenas é a estrutura mais comum.
• Filmes como Amarcord, La Dolce Vita e outros seguem uma estrutura narrativa de historinhas que costuram o interesse do espectador na próxima história e assim por
diante.
No fundo, o que importa para o
roteiro é...
“Manter a atenção do espectador"
Roteirista de “A Bela da Tarde”
Qual é a cara de um roteiro?
CENA 01 - INTERIOR - SALA DE AULA / NOITE
ROBERTO
Essa é a cara de um roteiro de ficção moderno. Não é literatura.
GUSTAVO
É escrito de forma sintética.
ROBERTO
Você escreve o que pode ser visto e ouvido, com poucas rubricas e detalhes.
GUSTAVO
E isso vira um filme.
ANALISANDO POR TRECHOS:
>>> CENA 01 - INTERIOR - SALA DE AULA / NOITE
• Interior ou exterior?
• Onde NA TRAMA se passa a cena?
• De dia? De noite?
• Cenas são numeradas em ordem crescente!
Descrição de ambiente e ações
• Frases curtas.
• Escrevemos o que vemos e ouvimos.
• Apenas os detalhes essenciais para a trama aparecem.
• Alinhado pela esquerda.
>>>
ROBERTO
Essa é a cara de um roteiro de ficção moderno. Não é literatura.
GUSTAVO
É escrito de forma sintética.
ROBERTO
Você escreve o que pode ser visto e ouvido, com poucas rubricas e detalhes.
GUSTAVO
E isso vira um filme.
• Centralizados
• Nome do personagem precede a fala, em maiúsculas.
• Fale em voz alta após escrever a frase! Ficou natural? Não? Reescreva!
Esse formato de roteiro permite:
• Que o roteirista se concentre em contar a história, sem colocar posições de câmera, etc.
• Medida: uma folha A4 em corpo 12, espaço 1,5 dá mais ou menos um minuto de projeção.
• Que o elenco encontre com facilidade seu texto.
Bibliografia
Um pouco mais sobre Roteiros
• “Manual do Roteiro” Syd Field
• “4 Roteiros” Syd Field
• “Como Contar um Conto” Gabriel Garcia Marquez
• “Linguagem Secreta do Cinema” Jean-Claude Carrière
• “Do Argumento ao Roteiro” Doc Comparato
• “O Circo Eletrônico” Daniel Filho
Texto desenvolvido por: Izabel Cristina Macedo Amaral
contato: bel_letras@hotmail.com
Monitores do curso de Cinema e Vídeo
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